Soneto à sombra, retratando um diálogo unidirecional filosófico, sobre a vida e o tempo, entre uma mulher e a respetiva sombra.
Eterna companheira
Eterna companheira boa amiga,
Tão longos anos guiaste o meu chão!
Caminhos de imperfeita solidão
Curvada na idade e na fadiga!
Minha figura esguia de mendiga,
Sempre te acarinhou com emoção,
Tu vestida de negro foste então,
Sonhos lindos de eterna rapariga!
Agora sinto o peso que te pus!…
Já não sobes os muros que subias…
Nem nos muros reflete a mesma luz!…
Oh! Sombra! Tenho nada! Tu sabias!
Fomos ventos levando a mesma cruz,
Companheiras fiéis todos os dias!