Poema sobre traição de (falsos) amigos ou de gente próxima, sendo estas traições as que mais doem precisamente devido à relação de proximidade.
Os vampiros modernos
Andam à solta! São eles, os vampiros
Que assombram esta era!
Andam sedentos,
Carregam o fardo da destruição!
Vestem-se bem de falas e suspiros,
Estudam os passos! E ao instante da espera,
Seguem-se os momentos
De ataque, e lá vão!…
Cautelosos, disfarçados
De amigos, encostando, balançando.
Entram confiantes pela porta principal,
Melodiosos, olhar perspicaz.
Os outros, os tristes enfeitiçados
Paralisam no tempo, amando
O personagem do mal,
Ai! Não sabem não do que ele é capaz!…
Perde-se o medo, deixa-se entrar
O vilão no seio familiar, nas intimidades.
Em falas mansas e olhos ternos,
Inveja tudo, amigos, companheiros.
Ele quer, só quer! Não vale a pena tentar
Dar conselhos, alertar para as maldades
Dessas criaturas dos infernos,
Tão perigosos e desordeiros!
Os dias passam, o monótono jogo continua!
Manipulados mas contentes como os loucos,
Os outros vão enfraquecendo,
E o sonho que os movia fica mudo!
O personagem que andava de rua em rua
Assim devagar e aos poucos,
Vai sorvendo, fortalecendo!
Vai ficando, vai e vem levando tudo!
Sem emprego, quer férias no estrangeiro,
À custa do jogo manipulador,
Onde só o vampiro joga
Sereno e impiedosamente!
No dia-a-dia vai-se esgotando o dinheiro,
Desvia a atenção! Finge amizade ou amor,
E inteligente que é, afoga
A raiva, o nervosismo que sente.
Há muito ainda, muito mais para tirar!…
Começa então a querer ser igual
À vítima imita o jeito, a postura,
A forma de andar e até de sorrir.
A vítima fica débil, não vai trabalhar,
E sem saber o que lhe faz mal,
Enfeitiçada pela falsa doçura,
Não vê nada! Está cega! Deixa-se ir!
Fica esgotada, sem casa nem eira!…
Perde o emprego, perde as amizades!
O reles personagem então,
Sob uma capa de calma, resolve ir embora.
E dela, da vítima se abeira,
Diz: arranjei emprego, vou ter saudades!
Pega-lhe mansamente na mão
E finge, finge tanto que chora!
Está feliz, delirante, porte altivo!
Satisfez o desejo, era o que queria:
Ter a sorte dela! O jogo acabou!
Tem que ir depressa trabalhar!
Sente-se como peixe na água, vivo!
Conseguiu enfim aquela energia
Que tanto, tanto invejou.
É um jogador que sabe jogar!
São assim nestes tempos os vampiros:
Dominadores, cheios de manhas;
Sempre disponíveis e com falsa alegria,
Amordaçando a inveja, trincando a ânsia.
São os sugadores de energia! E os suspiros
Falsos, são jogos e artimanhas,
Que treinam em cada dia!
Convém abrir os olhos e manter distância!