Vai a bela moça
Ao rio apressada
De saia rodada.
Na saia rodada
Parece uma flor
Que irradia amor.
De cabelo ao vento,
Negro e ondulado,
Riso apaixonado.
Canta alegremente,
Finge por quem passa
Dando um ar de graça!
E o vento beija
Seu olhar trigueiro,
Seu passar ligeiro!
A moça lá vai
Linda e rosada,
Ao rio apressada!
Leva na cabeça
Um cesto quadrado…
Roupa do amado?
Vai lavar a roupa?
Não leva sabão!
O que leva então?
Ai leva a tristeza
Só recordações,
E desilusões!
Lá longe um barqueiro
Vem num barco à vela
Chama por ela!
Mas ela não ouve,
Só chora e treme,
Soluça e geme!
Que fazes aqui
Á beira do rio
Tremendo de frio?
Ai barqueiro! Barqueiro!
Leva-me contigo
E sê meu amigo!
Eu finjo que sou
Mulher de alguém
Não sou de ninguém!
A minha beleza
Não me faz feliz
Sou tão infeliz!
Leva-me barqueiro
No teu barco à vela
Não quero ser bela!
As vestes de seda
Ao rio deitou
E tudo deixou!
Percorreu o mundo,
Foi livre e feliz
Como sempre quis.
Barqueiro, barqueiro,
Que em boa hora,
Me levas embora!