Soneto de destino cruel que retrata um triste viver de alguém a quem o destino parece não ter nada bom para oferecer.
Meu triste viver
Quando sinto na alma a amargura,
Poiso no tempo a voz do passado,
E vivo como que ressuscitado
Esse fingido tempo de aventura!
E sinto como se fosse a ventura,
Que desenhei em cada sol lembrado,
Mas o meu coração, pobre, coitado,
Só sente em cada dia a noite escura!
Ai quem me sente o choro que em fio,
Vê o meu coração atormentado,
Sente na minha voz sopros dum rio!
Oh! Que destino o meu tão malfadado!
Que me vestiu de pedras e de frio
E fez do meu viver um mar salgado!…