Soneto sobre a vida que passa, as primaveras que não voltam, o relógio que não anda para trás, o passado que jamais será presente.
Alma gémea
Havia certa ave que cantava,
Pelos meus roseirais de madrugada,
E da janela a vi desamparada,
A pena da alegria não voava!
Coitadinha! Suas asas beijava,
Afagando a tristeza em voz cansada,
Olhando com saudade a velha estrada,
Onde outrora contente caminhava!
Oh! Minha alma gémea quem diria?!
Como é tão triste não poder voltar,
Àquelas primaveras de euforia!
Anda comigo! Vamos recordar,
Já sabias que a pena da alegria,
Um dia deixaria de voar!