Aqui encontrará sonetos filosóficos que pretendem transportar o leitor para um mundo de discussão sobre as mais variadas temáticas. Estes sonetos de filosofia divagam amplamente por um território cheio de metáforas e outros recursos de estilo, mantendo sempre a ordem em termos de métrica e rima.
Sonetos filosóficos
Lista de sonetos filosóficos
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Soneto sobre felicidade
Soneto sobre a felicidade que se pode sentir devido a momentos efémeros e aparentemente simples com um grande poder de transformar tristeza e solidão em felicidade. Jesus é o teu guia O dia estava escuro, invernoso,E o jovem despindo o sobretudo,Abeirou-se do pobre e em gesto mudo,Vestiu-o num abraço caloroso! Meu irmão! Disse o velhinho choroso,Estreitando nos braços o miúdo;Parece, parece que tenho tudo,Sinto-me tão feliz e vigoroso! Tenho tanta vontade de viver,Não sinto solidão na neve fria;Como te posso irmão agradecer? Enquanto no capote se aquecia,Viu uma luz, ouviu anjos dizer,Não chores mais, Jesus é o Teu guia. Comentário da autora Um pequeno gesto de carinho, pode na verdade transformar um estado de tristeza, solidão, abandono, em momentos de felicidade. Aquela pessoa que está sempre a rir, não quer dizer que seja feliz, ou ande sempre feliz. Classifico a felicidade como um sentimento íntegro. Acredito que o velhinho, viveu este momento com tal felicidade, que mais tarde, quando o capote se rasgar, ele vai lembrar este jovem magnifico e de certa forma, tal lembrança, só por si, o fará sorrir, o fará feliz por algum momento.— Esmeralda Ferraz
Soneto de perdão
Soneto de perdão que aborda a complexidade deste sentimento que está intimamente associado à capacidade para amar. Perdoa Perdoa meu amor, se não escutei,algo que me disseste e não ouvi,perdoa-me somente o que esqueci,e lembra-te que o nosso amor guardei! Perdoa-me, e se algum dia errei,apaixonada mas longe de ti,esperei, esperei tanto e sofri,que deixei a bagagem onde andei! Perdoa a dor que já não sei guardar,AH! Quem me dera, quem me dera amor,voltar atrás e saber perdoar! Perdoa em ti também a minha dor,que não pecou, não pecou por amar,somente procurou paixão, calor! Comentário da autora O perdão é um sentimento maravilhoso, pleno de nobreza, onde o dever de perdoar é uma liberdade que cada coração consente. Perdoar é dar aos outros, e a nós mesmos, esse inconfundível mundo do respeito que valoriza e enaltece a humanidade. Perdoar, é amar, amar somente. — Esmeralda Ferraz
Soneto sobre talento desaproveitado
Soneto sobre talento desaproveitado que retrata momentos e sentimentos de um poeta cantor que atua na rua. O tal poeta Ele cantava, rodando a sorrir,Tempos que já lá vão, tempos vividos,A guitarra vibrava em gemidos,Deslumbrando quem a quisesse ouvir! Dança na praça, dança sempre a rir;De olhos cativantes, comovidos,E a guitarra em soluços sentidosAonde quer sonhar e não sabe ir! Saúda o vento, a chuva, a multidão,Vestido de poeta, olhar profundo,Canta feliz a própria solidão!… Rodando, ouve as palmas, olha o mundo…Na praça alguém diz com emoção;É este o tal poeta vagabundo!
Soneto de mudança
Soneto de mudança que retrata uma mulher que decide ser feliz e procurar o amor e a vida plena, sem olhar ao que outros possam pensar. Esboço de mulher Quisera sentir-me eu eternamente,Quisera ser feliz, nesta mulher,Mas nunca se acha a vida que se quer,Só me batiza o tempo indolente! Eu vou e hei de achar um amor contente,Vou encontrar o sol onde ele estiver,À noite, se outro amor me quiserSerei a outra, a estrela cadente! E não me importa onde me leva o vento,O que todos de mim possam falar,Importa que sou gente e sentimento. Se é pecado meu Deus! O meu pensar…Ai a vida é tão curto pensamento;É esboço de mulher por acabar!
Soneto sobre o destino
Soneto sobre o destino, questionando a sua imutabilidade e retratando a luta por transformá-lo num outro menos sombrio. Nuvem do destino Ah! Destino cruel, atribulado,Nuvem sombria na minha existência…Ah! Destino, que sopro sem ciência,Te fez nascer comigo atormentado!? Imutável não és, e se é pecado,Mudar todos os ventos da essênciaQue me perdoe o tempo a insolência,Que não creio no destino traçado! Eras a nuvem negra que chorava!Eras a chuva negra que apagava,Sonhos que abandonei, porque te ouvia! Deixa-te ir! Volta às ruas do passado!Inútil é andar contigo ao lado,Onde os dias são sempre; o mesmo dia!
Soneto sobre a vida
Soneto sobre a vida que passa, as primaveras que não voltam, o relógio que não anda para trás, o passado que jamais será presente. Alma gémea Havia certa ave que cantava,Pelos meus roseirais de madrugada,E da janela a vi desamparada,A pena da alegria não voava! Coitadinha! Suas asas beijava,Afagando a tristeza em voz cansada,Olhando com saudade a velha estrada,Onde outrora contente caminhava! Oh! Minha alma gémea quem diria?!Como é tão triste não poder voltar,Àquelas primaveras de euforia! Anda comigo! Vamos recordar,Já sabias que a pena da alegria,Um dia deixaria de voar!
Soneto sobre crise de identidade
Soneto sobre crise de identidade que se evidencia com o avançar da idade e que faz com que uma pessoa não se reconheça ao espelho. Batiza de alegria Oh! Quanto me dói a alma que sou!Sei lá quem sou? Que astro permitiu;Que me levasse tudo que sentiuA alma que o meu corpo alegrou! Sinto o frio de quem se abandonou!Não sei se eu fugi, se ela fugiu!Mas sinto! Foi a alma que partiu,Quem sabe? Um tempo novo a chamou! Converso às vezes com as luzes dela,E sou, e sou igual, igual a ela…E sonho como se ela não partisse! Oh! Minha alma! Não te vás embora!Batiza de alegria aquela hora;Em que nasci destinada à velhice!
Soneto sobre memórias de infância
Soneto sobre memórias de infância, em particular sobre a casa onde crescemos e aprendemos a ser e a sonhar. A casa que mais lembro A casa que mais lembro, agora é fria,Olham-se as andorinhas com tristeza,O céu de intensa luz azul-turquesaAbandonou o tempo onde eu vivia! Suspiros adornados de alegria,Molduras de vendavais e riqueza;Partem as andorinhas com leveza,Esvoaçam nas nuvens do meu dia. Ai! Que saudades tenho do luar!Da casa, onde o azul não tem hora,Do ninho que me ensinou a sonhar! Andorinhas que vos ides embora,Eu também nunca mais posso voltar,À casa onde já ninguém lá mora!